Pense!

"O que se faz agora com as crianças é o que elas farão depois com a sociedade." (Karl Mannheim)

quarta-feira, 14 de abril de 2010

LISTA DE ALGUNS ABRIGOS (letra L,M,N,P,S,T)

Lar Esperança Francisca de Paula de Jesus Unid. I Rua Cuiabá, 329 – Prado 
3334-5798


Lar Esperança Francisca de Paula de Jesus Unid. II Rua Barra Grande, 180 – Indaiá
88284815

Lar Frei Leopoldo Rua Monsenhor Nogueira Duarte, 211 Santa Terezinha 
3417-0430

Lar Irmão Fábio Rua São José do Jacuri, 1536 Planalto

Lar Tereza de Jesus/Casa Mª de Nazaré Rua Francisco Negrão de Lima,747 Enseada das Garças

Ministério P. Criança Feliz – Casa de Irmãos Rua Prof. Natália Lessa, 10 Trevo
3447-6555

Ministério P. Criança Feliz - Casa Lar Enseada das Garças Rua Cartagema, 215 – Trevo
3447-3460

Nosso Abrigo Lactário Cláudia Mª Rocha Brant Rua Prof.Rivaldavel Gusmão,415 Enseada das Garças 3496-4985

NOSSO ABRIGO LACTÁRIO CLÁUDIA MARIA ROCHA BRANT Av. Antônio Francisco Lisboa,1.685 Itatiaia 
3476-1363

Programa Criança Feliz/Centro de Passagem EMAÚS R Brasil, 186 Copacabana 
3384-7991

Programa Criança Feliz/Centro de Passagem EMAÚS Rua Olavo Bilac 561 Santa Mônica
3450-1546

Provid. N. Sra. Da Conceição/ Casa das Meninas Rua Humberto Campos,113 - Santa Mônica
3450-6658

Sociedade Cruz de Malta
3423-0851

TJ Criança * Rua Maria Felipe Arújo,75 - Santa Efigênia
3461-5868
http://www.tjcriancaabriga.org.br/


 

LISTA DE ALGUNS ABRIGOS (letra C/I)

C. de Passagem "Vila Eunice" Prov.N Sª Conceição
Rua Prof.Rivaldavel Gusmão,415 Enseada das Garças
3496-4985 Laércio Vanda


Casa Cunna/ Instituto de Ajuda Humanitária NEEDED
Av. Antônio Francisco Lisboa,1.685 Itatiaia
3476-1363 Geraldo Jussara

Casa das Meninas/ Providência N S da Conceição
R Brasil, 186 Copacabana
3384-7991 Marilda Antônia

Casa do Homem de Nazaré I
Rua Olavo Bilac 561 Santa Mônica
3450-1546 Ana Carolina Antônia

Casa do Homem de Nazaré II Rua Humberto Campos,113 - Santa Mônica
3450-6658 Adriane Vanda

Casa do Homem de Nazaré III Rua Mª Amélia Fontes Boas, 170 Nova Suissa
3334-8038

Casa do Homem de Nazaré IV Rua Lagoa da Prata 210 Bairro Salgado Filho
33135730

Casa do Homem de Nazaré IX Rua Meca 236 Bairro Betânia
3313-5730

Casa do Homem de Nazaré V Rua Corcovado 330- Bairro Jardim América
3373-0967

Casa do Homem de Nazaré VI Rua Ferreira Viana237 Salgado Filho
33746176

Casa do Homem de Nazaré VII Rua Catiara 88 Bairro Jardim América
3312-0168

Casa dos Meninos Rua Delfim, 588 Bairro Miramar – Barreiro de Cima
3336-0152

Casa Lar Céu Azul Rua Isabel Cerdeira 48 Bairro Betânia
3383-1882

Casa Lar Juventude Feminina ou Casa Lar Juventude Feliz

Casa Lar Leblon Rua Felipe Araújo, 75, Santa Efigenia
3461-5868/3237-6167
http://www.tjmg.jus.br/anexos/tj_social/tj_abriga/tj_abriga.html

Casa Pequeno Samuel - Ação Social Obreiros Mirins Rua Ceará, 920, bairro Bonanza
31 3642-8116

CASA SÃO MATHEUS RUA ARTUR JOVIANO, 26 - CRUZEIRO - 
3221-2633


Casa Tremedal ( Irmão Sol ) Rua Rio Pomba 710 Bairro Pe Eustáquio
3411-59-60

Centro de Passagem "Vila Eunice" Prov.N Sª Conceição Rua Serra Negra, 1116 Nova Esperança 34427338

Centro de Passagem Masculino-D Bosco-Casa Azul Rua Prof. Milton Lage 25 Bairro Nova Esperança 3442-7338

Comunidade Emanuel* Rua Teresina 505 Bairro Bom Jesus
3442-7554

Creche Nosso Lar Rua Araribá, 235 - São Cristovão
 3421-0562

Igreja Metodista do Bairro União Av.Prof. Rubens Gueli,65 Jd Guanabara
3463-7145

Inspetoria Dom Bosco - Casa Dom Bosco Rua Conceição Silêncio, 245
3443-6505

Inspetoria Dom Bosco - Casa Dom Bosco R.José Ferreira Magalhães, 341 Floramar 
3408-3000

terça-feira, 6 de abril de 2010

A vida em um abrigo

        Reportagem da Revidta Marie Claire:
      Ninguém sabe ao certo quantas crianças e adolescentes vivem hoje em abrigos. Abandonados pelos pais e rejeitados por quem quer adotar, a maioria fica ali até os 18 anos, transformando em solução definitiva o que deveria ser uma passagem provisória. Só que, diferentes dos antigos orfanatos, essas casas vão além do 'acolher': quem passa por lá não escapa da dor de crescer longe da família, mas fica mais perto da chance de poder mudar a própria história.   
Meninos da mesma faixa etária dividem o quarto no abrigo Reviver, em São Paulo(foto )
     A campainha toca. Duas crianças atravessam um pequeno jardim e entram na sala. Largam as mochilas no chão, rodeiam Regina, beijam, abraçam. Pedro* começa a contar as novidades da escola. Kelly* pede colo e bolo. Com voz carinhosa, mas firme, Regina anuncia que 'bolo, só no lanche', depois do banho, e despacha os dois para continuar conversando com sua visita. A cena só não é idêntica à de qualquer casa porque Regina não é a mãe dessas crianças e está recebendo a reportagem de Marie Claire. Estamos num abrigo. Parece uma casa e, para milhares de jovens que não contam com suas famílias, realmente é.
Vinte e três crianças vivem no sobrado onde funciona o abrigo Rita Luiza da Cunha, em São Paulo. São 20 as vagas 'oficiais', mas o número sobe quando chegam grupos de irmãos, sempre alojados no mesmo quarto. Quem não tem parentes divide o espaço com até cinco crianças, separadas por sexo e faixa etária. Nos cômodos, que não são grandes, todos os beliches estão arrumados com colchas coloridas e os armários sem portas chamam a atenção pela organização. Na sala principal, perto da estante de livros, dois pequenos assistem à TV, hipnotizados. Logo ali, uma assistente social dá mamadeira para um bebê, enquanto um grupo de maiorzinhos brinca ao ar livre, num pátio espaçoso. A cozinha acaba de ser arrumada por uma funcionária, com a ajuda de Jaqueline*. Na saleta próxima à copa, meninas de 13 a 15 anos estão se produzindo: enquanto Bianca* passa sombra nos olhos e brilho na boca, Claudinéia* faz chapinha em Juliana*. Todas querem dar entrevista.

LONGA PASSAGEM
A pedagoga Regina Moutinho faz parte da Casa de Habilitação Filosofia e Cultura (Chafic), uma organização não-governamental ligada a dois abrigos, o Rita Luiza e o Pinheiros. Como outras casas, ambos recebem verbas da Prefeitura (para gastos com pessoal, aluguel, roupas e alimentação dos abrigados) e contam com parcerias de ONGs, que bancam atividades como aulas de dança, cursos técnicos e terapia individual. 'Esse apoio é importante para que eles consigam lidar com a perda e o abandono', diz Regina.

Família
O Instituto da Criança e a ONG Semear se encarregam de muitas demandas do abrigo Reviver, que hoje acolhe 41 crianças, de 0 a 18 anos. 'A comunidade também ajuda. Quando precisam de dentistas, por exemplo, nossas crianças são atendidas gratuitamente por profissionais do próprio bairro', afirma Deise Caetano Berbeire, que dirige o Reviver desde 1999.
Não se sabe quantos abrigos existem no Brasil -esse censo está sendo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Também por isso não é possível dizer se todos estão dentro das normas do Estatuto da Criança e do Adolescente. A partir delas, os antigos orfanatos seriam substituídos pelos atuais abrigos, com um projeto diferente: além de dar teto, essas instituições passariam a proteger quem tem seus direitos violados -o que inclui abandono, maus-tratos e violência física ou moral, entre outros problemas causados por pais que vivem em situação de miséria, desemprego, prisão, alcoolismo.



Andressa* tem 8 anos e ajuda o pequeno Álvaro* com a mamadeira (foto)

Além de garantir escola às crianças que chegam, sempre encaminhadas pelas varas da infância e juventude, os abrigos têm a meta de trabalhar junto às famílias na tentativa de restabelecer os vínculos entre pais e filhos. 'Até porque menos de 10% dos menores abrigados são, de fato, órfãos', diz o juiz Francisco de Oliveira Neto, da Comissão Estadual Judiciária de Adoção de Santa Catarina. A idéia é cuidar da criança até que a família se reestruture e possa recebê-la de volta, pois a teoria diz que a passagem por essas casas deveria ser provisória. Mas a prática, infelizmente, é outra: a maioria das crianças permanece nos abrigos, esquecida pela família. Mesmo abandonadas, só podem vir a ser adotadas quando os pais biológicos são destituídos pela Justiça do pátrio poder -um processo que dura, no mínimo, dois anos. Quando (e se) entram na fila da adoção, ficam atrás dos candidatos mais disputados: os recém-nascidos, sem pais conhecidos e de pele clara. Quem consegue uma nova família muitas vezes muda de país -a adoção por estrangeiros é comum. Mas esse não é o sonho da maioria. 'Eles realmente desejam uma família. Só que, antes de qualquer hipótese, sempre querem a mãe. Mesmo que ela tenha judiado ou deixado passar fome', diz Deise.

Terapia
A VIDA COMO ELA É Os abrigos não 'fecham', e os educadores se revezam 24 horas por dia. Alguns cuidam só dos remédios e das idas a médicos. Outros acompanham as crianças até a escola com o motorista, e sempre estão junto dos pequenos nos passeios. As crianças festejam os aniversários, convidam amigos e são convidadas. 'Combinamos quem vai levar e buscar, como todos os pais fazem', diz Maria Luiza Mafra, diretora do abrigo Pinheiros. 'Muitos dos que têm família podem ir para casa no final de semana, e o abrigo estimula esse contato dando cesta básica e vale-transporte para os familiares.'



Além de dividir tarefas, meninas costumam cuidar umas das outras (foto)

Os adolescentes que têm autorização podem ir e vir livremente. Estudam, mas começam a trabalhar a partir dos 16 anos. 'Daí abrimos uma poupança em nome do adolescente e do presidente da organização. Como as despesas são garantidas pelo abrigo, ele deposita grande parte do que ganha. É com essa poupança que muitos começam a vida pós-abrigo', diz Deise. Por lei, a saída deveria acontecer aos 17 anos e 11 meses, mas a maioria estica esse prazo, porque não têm para onde ir. É rotina dos educadores ajudá-los a encontrar moradia e até a escolher os eletrodomésticos. Com as garotas, a história às vezes se repete: ansiosas para serem as mães que não tiveram, logo engravidam de filhos que irão para um abrigo... Mas também há as que sonham com uma vida diferente e estão lutando por isso. São meninas como Cristina*, que está saindo em breve; Márcia, que já mora com o filho há nove meses; e Angélica, que vive sem a proteção do abrigo há vários anos.

Prestes a deixar o abrigo, Cristina* tem planos de ir ao encontro da mãe, que não vê há muitos anos

O abrigo é legal, mas meu sonho é morar sozinha' Cristina*, 17 anos(foto)

''Tinha 13 anos quando vim para cá e, hoje, vejo que foi bom. Eu era fechada, não falava com ninguém. A convivência com o pessoal daqui e com a psicóloga me ajudou bastante. Se não fosse isso, não ia saber que gosto tanto de dançar, não ia me conhecer como me conheço. Podia ter virado uma pessoa amarga, rebelde.Tudo aqui é legal, mas, hoje, sinto necessidade de ter momentos só pra mim, sem ninguém por perto. Tenho muita vontade de morar sozinha.



Não sei direito o que aconteceu com a minha mãe. Eu era pequena quando ela e meu pai se separaram.Vivi com minha avó, umas tias, mas perdi o contato com elas. Tenho um irmão, que também está no abrigo. Moramos com meu pai quando eu tinha 11 anos, mas não foi bom. Toda noite ele saía, voltava de madrugada, não deixava dinheiro... Não sei mais dele. Mas o pessoal do fórum localizou minha mãe. Ela mora em Minas, está doente. Parece que ela não lembra do que aconteceu. Mas quero ir até lá quando sair daqui. Claro que estou com medo de ela não me reconhecer, mas vou mesmo assim.

Rotina

Além de estudar, os jovens trabalham a partir dos 16 anos

Estou terminando a 7ª série e faço estágio numa empresa de Paisagismo. A rotina é corrida, mas eu sou uma pessoa calma. Minhas amigas gostam de balada, a vida delas é meio desregrada. Elas dizem que queriam ter um pouco da minha calma. Sou sossegada mesmo, não bebo, não fumo, gosto de cuidar de casa. Quando cheguei aqui, meu quarto era um brilho só, eu limpava e arrumava o tempo todo. Aprendi que precisava relaxar um pouco. Acho que as casas em que morei eram bagunçadas, daí fiquei com essa mania de arrumação... Acho que eu gostaria de ter sido adotada. Sei lá, por alguém de que eu gostasse. Mas não aconteceu. Tenho uma 'madrinha', que é muito legal e sempre investiu em mim, só que nunca foi uma coisa tipo adoção.
Casar? Pode ser, se me apaixonar. Não penso nisso. E filho, se eu tiver, bom, ele vai ser tipo um rei. Não quero que ele sofra com nada.'

Márcia passou a maior parte da adolescência no Butantã.Na foto abaixo, o pátio do abrigo
O abrigo é uma chance. Às vezes, a única'
Márcia Maria do Nascimento, 20 anos

''As coisas começaram a ficar ruins quando meu padrasto abusou da minha irmã mais velha. Além dela, tenho mais duas irmãs, filhas da minha mãe com esse homem. Nessa época, ela abriu um processo contra ele, que morreu logo depois. Eles tinham um bar e, quando estavam juntos, ela cuidava do lugar. Já bebia uma ou outra cerveja. Mas, depois da morte dele, foi se viciando até virar alcoólatra. Daí pra frente, só piorou. Ela também morreu, faz seis meses.


Num dos interrogatórios desse processo, o juiz percebeu que minha mãe não estava bem. Logo descobriram que a gente não estava indo pra escola. Minha irmã mais velha, hoje com 23 anos, já tinha ido embora, e a avó das mais novas tirou as meninas lá de casa, porque nossa mãe estava agressiva, batia na gente... De repente, ficamos só eu e ela.

Dos 9 aos 13 anos, cuidei dela, e tinha uma supervisão das autoridades. Ela não trabalhava. Então, eu olhava umas crianças da vizinhança, passava roupa, ganhava um troco que nos sustentava. Perdi o contato com minhas irmãs, porque a avó delas não queria saber da gente. Depois de ter sido chamada no fórum várias vezes e nunca comparecer, minha mãe perdeu minha guarda. Sofri muito porque não queria sair de perto dela. Estava com uns 13 anos e já namorava, mas só soube que tinha engravidado quando cheguei no abrigo.

Adoção

'Órfãos de pais vivos', os abrigados ficam no final da fila
No começo, as educadoras conversavam comigo sobre não engravidar de novo, até porque o namoro com o pai do meu filho continuava. Ele é mais velho e queria casar, mas era ciumento, achava que eu tinha que cuidar do bebê e parar de estudar. Acabou não dando certo. No abrigo, me deram força pra continuar os estudos. Tive casa, comida e colo. Não estaria onde estou se não tivesse ido pra lá.

Eu já estudava no Porto Seguro desde pequena. Graças a Deus, minha formação foi ótima. Mesmo grávida, continuei a freqüentar as aulas. Usava roupas largas, morria de vergonha da barriga. O Ricardo nasceu pouco antes das férias e foi crescendo comigo, no abrigo. Estudava de noite, quando comecei a trabalhar como auxiliar de escritório. Colocava todo o dinheiro na poupança, mas, quando estava pra sair do abrigo, perdi o emprego. A sorte é que tinha feito um curso de manicure, por insistência das educadoras. Na época, achei que era bobagem, mas foi assim que comprei o cômodo onde moro. É um lugar humilde, mas já foi uma vitória.


Namoro o Fernando desde o colegial. No começo, foi difícil lidar com a família dele. Nunca falaram nada, mas a gente percebe quando as pessoas têm um certo preconceito... Aos poucos, eles foram me conhecendo e hoje me aceitam. Gostam do Ricardo, são verdadeiros pais para mim. O preconceito existe. Quantos empregos não perdi por conta disso? Quando dizia que morava num abrigo, eu ia para o fim da fila! Mesmo explicando que abrigo não é lugar de infrator, ninguém entendia. A verdade é que as pessoas não sabem o que é um abrigo.
Já tinha mais de 18 anos quando saí. Tive medo e adiei o quanto pude. Mas eles me ajudaram. Cuidaram do Ricardo até que eu pudesse trazê-lo pra morar comigo. Quem vai para um abrigo e não se dá bem é porque não quer saber de nada. Pra quem sabe aproveitar, é uma chance. Às vezes, a única.'
Angélica e João Vitor, de 5 anos: 'Nunca pensei em deixar meu filho num abrigo. Nem nas piores horas'

Podia ter seguido o caminho da minha mãe'

Angélica do Nascimento, 27 anos (foto)

''Sou a mais velha de cinco irmãos. A minha mãe, mal conheci. Nasci e ela me deu pra uma mulher. Aparecia de tempos em tempos com mais um filho e largava lá. Sei que ela nunca teve casa, morava de favor, era de zoeira. Do meu pai, só sei que não prestava. Ele era padrasto da minha mãe. Já viu, né? Começou tudo errado na minha vida.
Ficamos com essa 'tia' até que ela deu um basta na minha mãe. Eu tinha uns 10 anos. Por uns dois meses, moramos na rua, no Brás, junto com ela. Até que fomos recolhidos e 'distribuídos' por vários abrigos. Demorou um ano até a gente se reencontrar num outro abrigo. Daí ficamos no mesmo quarto, como uma família. Como eu era a mais velha, tomava conta deles, chamava a atenção, ensinava as coisas. Apareceu gente querendo adotar um ou dois de nós, mas eu nunca quis. Dizia pras assistentes sociais que preferia manter a família unida. Como a gente nunca teve mãe e pai, pelo menos nós íamos ficar juntos. As assistentes diziam: 'Você não gostaria que seus irmãos tivessem uma família?'. Não, poxa! Afinal, tinha eu. Naquele tempo, eu pensava que um dia a gente ia ser uma família...
Terminei o 3º colegial, tenho o certificado, mas não me sinto preparada pra nada. Fui a primeira a sair do abrigo e logo engravidei. O pai do meu filho sumiu. Eu tinha algum dinheiro guardado pelo abrigo, e o pessoal me ajudou a comprar material de construção. Fiz um andar em cima da casa daquela 'tia', a mulher que ficou com a gente na infância. O lugar é humilde, mas pelo menos não pago aluguel.



Amigos da escola vêm para as festas (foto)

Quando fui morar sozinha, não sabia fazer nada. No abrigo, a gente tinha tudo na mão! Logo veio a Luciana. Depois, o André. E daí assinei os papéis pra tirar o Vinicius do abrigo, aos 16 anos. Achei que, enfim, a gente ia ser uma família, mas não foi assim. Cada um fazia o que queria, eles nunca me ajudaram em nada. Quando fiquei desempregada, um dos meus irmãos já estava trabalhando como entregador de marmitex, mas nunca perguntou se precisava de leite pro meu menino... Hoje me arrependo de não ter deixado cada um seguir seu rumo. Agora sei que a minha família sou eu e meu filho.

Trabalho na copa de um restaurante. É puxado. Meu sonho é morar num lugar que seja meu, só com meu filho. Também quero um serviço melhor, com horários menos complicados. João Vitor está com 5 anos e eu namoro um moço que também era do abrigo. Ele é promotor de vendas de um supermercado. Não julgo minha mãe, ela tinha cabeça fraca e teve os motivos dela pra levar a vida que levou. Mas fico brava quando dizem que sou igual a ela. Não é verdade! Tenho 27 anos e não tive 'um monte' de filhos. Sei que errei, tive este cedo demais. Mas, depois, me preveni, e não vou ter outro enquanto não puder dar tudo. Posso, sim, dar o que eu não tive. Carinho, amor, até exagero nisso! O João Vitor é mimado. O abrigo me deu moradia, me regrou, eu podia ter caído na droga ou feito o mesmo caminho da minha mãe. Sou uma pessoa honesta. E não tenho revolta, me sinto vencedora, apesar de tudo. Já me vi em situações difíceis, desesperada, mas nunca pensei em deixar meu filho. Não dá pra achar que isso podia ser melhor pra ele. Não que o abrigo seja ruim, pelo contrário. Mas mãe é mãe.'

*Os nomes das crianças foram trocados
http://revistamarieclaire.globo.com/Marieclaire/0,6993,EML1663061-1740-2,00.html

LISTA DE ALGUNS ABRIGOS (letra A)

ESCOLHA E AJUDE... SE TIVEREM ATUALIZAÇÕES PODEM ME PASSAR...


Abrigo Aconchego do Céu - Santa Luzia
Rua Ceará, 920, bairro Bonanza
Telefone: (31 3642-8116 )





Abrigo Associação Assist. Caminho da Luz
Rua Costa Belém, 19 Barreiro de Baixo 30642-000
3384-7991
Mª Inês
Rosângela

Abrigo Berço Feliz
Av. Flor de Seda, 1215 - Lindéia 30690-070
3382-0697
Mª Aparecida
Vera

Abrigo Frei Otto
R: Arthur Joviano, 26 Cruzeiro



Abrigo Infantil Pró - Criança
Av. Bernardo Monteiro, 390 Sta Efigênia 30150-240
3273-2437
Luci
Cláudia



Abrigo São Paulo
R.Osvaldo Ferroz,394 - Sagrada Família
3481-5603
Rosangela
Lucy



Abrigo Tia Branca
R.Raposos, 554 - Pompéia 30280-530
3463-1580
Seminéia
Ana Maria



Ação Social Obreiros Mirins
R.Felipe Camarão, 582 - Esplanada 30280-280
3461-9433
Elisiária
Ana Maria



Ação Social Obreiros Mirins/ Abrigo Casa Israel
R.Antônio Olinto,414 - Esplanda 30280-040
3463-4355
Vera
Elza

Ação Social Obreiros Mirins/ Casa de Raquel*
R.Boninas, 687-Esplanada 30280-220
3461-4137
Velsa
Elza

Ação Social Obreiros Mirins/ Casa Filhas de Sara*
R.28 de Setembro, 801-Esplanada 30280-050
3461-9521
Ediva
Elza

Ação Social Obreiros Mirins/ Casa Filhos de Abraão
R.Tulipa, 517-Esplanada 30280-200
3461-2287
Jaqueline
Ana Maria

Ação Social Obreiros Mirins/ Casa Menino Jesus
R.Sete de Abril,136 - Esplanada 30280-240
3461-8197/3-0315
Luiz
Lucy

Ação Social Obreiros Mirins/ Casa Príncipe da Paz
R.Sete de Abril, 41-Esplanada 30280-240
3461-4820
Mªda Conceição
Lucy

Ação Social Obreiros Mirins/ Casa Restaurando Vidas
R.das Oficinas, 95- Esplanada 30280-070
3482-2720
Mªde Lourdes
Cristina

Ação Social Obreiros Mirins/ Casa Travessia
R.Antônio Justino,433 - Pompéia 30280-430
3481-0755
Mª Lúcia
Regina

Albergue N. Casa do Caminho-Grupo O Consolador
Rua Cláudio Jóse de Souza 341 - União 31170-380
3486-9837
Aparecda
Paula

Albergue N. Casa do Caminho-Grupo O Consolador
Rua Operário J Azevedo Filho 113 Concórdia 31130-360
3423-0851
Luciene
Solange

ASOM Casa Ester
R Sudário Maximiliano da Rocha 117 Vila B Retiro 34710-320
3486-5109
Janete
Solange

Ass. Irmão Sol/ Casa Copacabana
Rua Ozanan, 730- Ipiranga 31160-210
3277-6032/33
Daniele
Solange

Ass. Irmão Sol/ Casa Copacabana
Rua Ozanan, 716 - Ipiranga 31160-210
3423-6046
Pedro Neves
Solange

Ass. Irmão Sol/ Casa Santa Mônica
Rua Bernardo Cisneiro, 183 Sto André/P Riachuelo
3442-1538
Valter
Antônia

Ass. Irmão Sol/ Casa Santa Mônica
R: Bernardo Cisneiro,183 Parque Riachuelo, Santo André



Associação Assist. Caminho da Luz
Rua.Borba Gato, 101 A - São Cristovão 30110-420
3421-1884
Grécia Fernandes
Selma

Associação de Assist. ao Pequeno Jornaleiro
Rua.Tremedal, 329 - Carlos Prates 30710-180
3272-3037
William Adriano José
Cida Galvão

Associação Fraternal Amigos do Menor-AFAM
Rua Araribá, 235 - São Cristovão 31210-700
3421-0562
Gladston da Silva
Lourdes Maria

Associação Grupo Espírita O Consolador/Centro de Passagem
R.Elétron 100 - 1º de Maio 31810-010
3433-4993/3883
Clelia
Sônia

Associação Irmão Sol – Casa das Meninas
R.José Ferreira Magalhães, 341 Floramar 31765-670
3434-7373 R.237
Lezir
Rosângela

Associação Irmão Sol – Casa dos Irmãos
Rua Helvécia, 143 - Nova Suiça 30480-550
9144-2323
Beatriz Mª
Lana

Associação Irmão Sol – CP Paraíso
Rua Pe.Francisco Serizzi, 19 Palmeiras 30570-525
3312-2295
Irmã Conceição
Alaíde

Associação Irmão Sol / Casa dos Pequenos
R Cachoeira de Minas, 434 - Morro das Pedras 30440-450
3275-4881
Elizabeth Mª
Gilson